Durante meses, Lucas acordava todos os dias com o mesmo pensamento: “Só mais um dia pra sobreviver”. Ele não sentia vontade de levantar, comer, conversar. A vida tinha virado uma sequência de dias cinzentos, todos iguais.

O que ninguém via era o esforço que ele fazia pra manter o sorriso. Pra parecer “normal”. Por dentro, o vazio crescia, e automaticamente os pensamentos ruins invadiam sua mente cada dia mais forte. Logo veio a falta do que fazer, não tinha vontade de fazer nada, por ais simples que fosse, pra ele, tudo era chato, pesado, sem finalidade. E, a cada “tudo bem?” que ouvia era respondido com um “tudo ótimo”, automático, ensaiado, mentiroso.

Até que um dia, já sem forças, ele pediu ajuda. Não foi um grito. Foi um sussurro, uma mensagem enviada a um amigo: “Tô mal. Não tô conseguindo sozinho.”

Aquela mensagem foi o ponto de virada.

Vieram a terapia, a atividade física, o cuidado com a alimentação, o tempo longe das redes sociais, o que era rotineiro e muito ruim, porque ficava se comparando a vidas dos outros, seguidos de um ponte de porquês, e que muitas delas não são totalmente verdadeiras. Pequenas mudanças e juntas, foram trazendo cor de volta à sua vida. 

Lucas descobriu que recomeçar não é rápido. Mas é possível. E hoje, ele fala abertamente sobre depressão. Não como quem superou e esqueceu, porque afinal temos que nos vigiar, Mas como quem superou e quer estender a mão para quem precisa. E ele sempre fala: Não tenha vergonha de pedir ajuda, esse ato é de muita coragem que sempre devemos lembrar.